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TEATRO

me leva pra casa

06.11 a 11.12.09

O drama de um casal e os fragmentos de uma relação que não foi o que poderia ter sido é o tema de Me Leva Pra Casa, dirigida por Fabiana Carlucci.

O espetáculo inédito Me Leva Pra Casa, de João Fábio Cabral, estreia no dia 6 de novembro, no Teatro do Centro da Terra, às 21h30. Com direção de Fabiana Carlucci, a peça narra o momento de despedida de um casal que, após perderem a única filha em uma fatalidade, vê sua relação alterada e sem qualquer possibilidade de retorno. A montagem traz no elenco os atores Guilherme Gonzalez e Mariana Blanski.

A peça se apresenta como um fragmento da história desse jovem casal – Ana é poetisa e Sergião, dono de um sebo. Eles se encontram numa cena de despedida, após a morte da filha, vitimada por uma bala perdida. Mesmo havendo amor em excesso, eles não conseguem retomar a vida juntos. A perda da única filha é o estopim que desperta os sentimentos presos numa relação calcada na fuga e na dor da saudade, nos encontros e desencontros. O casal está no mesmo galpão onde se conheceram; ela está com a passagem comprada para ir embora e, involuntariamente, rememoram passagens de suas vidas. Para a diretora Fabiana Carlucci, Me Leva Pra Casa tem reticências na prolixidade e no silêncio. “É um texto cujas reflexões não estão apenas nas imagens da cena ou no diálogo das personagens, elas estão no vácuo em que cada um se permite mergulhar”, diz.

Embora o texto seja carregado de realismo, o trabalho de Fabiana segue em direção contrária e busca uma encenação mais sensorial e intuitiva. “As angústias pessoais das personagens são expostas a partir da tragédia; como descobrir onde, exatamente, está essa dor da perda e como continuar vivendo?”, questiona a diretora. “O que mais me atrai em Me Leva pra Casa é a resignação diante de uma fatalidade. Por mais suspensas que as personagens estejam da realidade elas desejam, de alguma forma, a felicidade”. Fabiana ainda completa dizendo que “o texto de João Fábio Cabral expõe essa fatia de qualquer um de nós, mesmo sendo um recorte de uma experiência não vivenciada”. Para ela, a questão que o texto expõe é: “como se faz para dar “voz” a um coração que se percebe vazio, quando o medo, as dúvidas e as incertezas tomam conta?”.

O autor reflete sobre Me Leva Pra Casa:

“Não existe o fim no mundo dos vivos, pelo menos aparentemente. O que se carrega diante de um fato trágico é, talvez, a própria tragédia. O que é a dor? Ela não é sentida pelo outro; ao contrário ela é presente na intensidade particular de cada um, talvez, mas ainda acredito naquele ‘acho’, eu imagino. Em Me Leva Pra Casa visualizo essa imagem da volta, seja do passeio tranqüilo ou da tragédia estabelecida, é como se a nossa mente sempre buscasse imaginar ou calcular o tamanho de uma perda, mas o real ultrapassa esse limite, nos joga diante de um túnel escuro e sem fim. Mas o que é o fim? Não sei, penso ainda que não exista. Esse dilúvio inunda nossos desejos, pensamentos, ele aniquila por algum tempo a nossa força. O caminho já não é o mesmo quando a gente perde quem ama e essa dor talvez fique, a cada dia, mais perversa e chegue ao topo da crueldade. Existe aquela opção na qual desviamos nossa serenidade para um estado atmosférico e invisível, onde a anestesia canta sua canção cinza, onde a apatia vira fome e a falta daquela vontade de viver se estabelece como cardápio.” – João Fábio Cabral.

Ficha Técnica

Texto: João Fábio Cabral

Direção: Fabiana Carlucci

Elenco: Guilherme Gonzalez e Mariana Blanski

Assistente de direção: Flávia Tapias

Cenografia: Rogério Harmitt

Figurino: Rogério Harmitt e Thamy Vosg

Iluminação: Gustavo Haddad

Projeto gráfico: Marcelo Meniquelli

Fotografia: Fábio Medeiros

Trilha sonora original: Fernanda Galetti

Direção de movimento: Valter Felipe

Produção: Guilherme Gonzalez e Mariana Blanski

João Fábio Cabral – autor e diretor

João Fábio Cabral é considerado um dos principais nomes da nova dramaturgia brasileira. Entre seus outros espetáculos, destaque para: Tanto (2009), Flores Brancas (2008), Bem de Longe um Bolero (2008), Rosa de Vidro (2007), Distante (2007), Delicadeza (2007), Um Refrão Para Desconhecidos e Íntimos (ambas de 2006), Um Inesquecível Presente de Quinze Andares (2005), Em Nome das Coisas Boas (2003 e 2004), Sobre a Neve em Frente à Torre Eiffel (2008) e Aguardo Notícias da Polônia (inédita).

Fabiana Carlucci, 29 anos, é atriz, autora e diretora. Foi integrante do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho. Realizou diversos trabalhos teatrais, entre eles: Medeia (dir. Antunes Filho), Cenas de Brechet (dir. Bete Dorgan), Cala a Boca Já Morreu (dir. Ewerton de Castro), A Dama da Madrugada (dir. Eraldo Rizzo) e A Festa de Abigaiu (dir. Mauro Baptista Vedia). Criou com João Fábio Cabral e Rogério Harmitt, a Companhia Em Nome das Coisas Boas, com a qual realizou trabalhos como Um Inesquecível Presente de Quinze Andares, Em Nome das Coisas Boas e Distante. Também em parceria com João Fábio escreveu cinco textos teatrais para adolescentes e, dele dirigiu Flores Brancas (em parceria com Rogério Harmitt), em 2008, e Karina e a Comida do Brasil, em 2009, espetáculo produzido pela Mamberti Produções

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