PERFORMANCE
SHIMA: RE/DES
08, 09, 15, 16, 22 e 23.09.18: sábados e domingos 20hHá um mês o artista Marcio Shimabukuro, o Shima, descobriu que a família de seu avô paterno trocou, no século passado, o sobrenome familiar. Ainda em pesquisa e sem saber exatamente o porquê dessa mudança, decidiu abolir seu nome e permanecerá 40 dias sem nome. Para isso, na véspera de seu 40º aniversário – dia 9 de setembro, domingo, às 20 horas – realiza a peça performática A Morte de Shima: um minuto para cada ano de vida. A ação integra a ocupação RE/DES, que o artista realiza no Centro da Terra com mais cinco artistas/ coletivos de diferentes áreas.
Em um intercâmbio de linguagens, a cada dia, os artistas convidados farão uma apresentação diferente. As ações podem ou não contar com a participação de Shima e orbitam em torno dos temas ancestralidade, tradição, sexualidade, gênero e o que é ser asiático no Brasil.
Bia Nagahama dá início a ocupação no dia 8 de setembro com a palestra-performance Mi Nu Mé - Vivendo o Agora!, e Shima realiza sua performance derradeira no dia 9 de setembro. Já no dia 15 de setembro os artistas Eduardo Colombo, Tiago Viudes e Vitoru Kinjo apresentam a performance Nomes e Lúcia Kakazu sobe ao palco dia 16 de setembro com um work in process da sua coreografia Obá nu Mun. A projeção do filme Lembro mais dos Corvos, de Gustavo Vinagre com a participação da roteirista e atriz Julia Katharine (premiada na 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes) acontece dia 22 de setembro e Vitoru Kinjo encerra a ocupação no dia 23 de setembro com a performance Diaspórico Regional.
Shima conta que para a primeira edição RE/DES procurou reunir artistas em torno de trabalhos que se voltassem ao povo uchinanchu, da região de Okinawa, no Japão. “O povo uchinanchu é um povo indígena que só foi reconhecido pela ONU em 2018”, explica o artista, que escolheu o nome da ocupação pensando em duas partículas precisas. “Re significa volta e repetição, e des remete a destruição e desmanche”, complementa.
08.09.18 - Mi Nu Mé - Vivendo o Agora!
Com Bia Nagahama
09.09.18 - A Morte de Shima: um minuto para cada ano de vida
Com Shima
15.09.18 - Nomes
Com Eduardo Colombo, Tiago Viudes e Vitoru Kinjo
16.09.18 - Oba nu Mun
Com Lúcia Kakazu
22.09.18 - Lembro mais dos Corvos
Com Gustavo Vinagre e Julia Katharine
23.09.18 - Diaspórico Regional
Com Vitoru Kinjo
RE/DES começa dia 8 de setembro, sábado, com a ação Mi Nu Mé - Vivendo o Agora!, de Bia Nagahama, uma das poucas kamin-tyu (pessoa de Deus, em livre tradução) atuantes no Brasil, que com sua presença performática discorrerá sobre o Agora segundo a espiritualidade do povo uchinanchu (povo indígena da região de Okinawa, no Japão). A espiritualidade de Okinawa envolve o culto aos antepassados e às forças da natureza (animismo), não sendo considerada uma religião, pois não considera líderes espirituais ou dogmas, mas o Destino e as escolhas de cada um.
Já no domingo, dia 9 de setembro, acontece a peça performática A Morte de Shima: um minuto para cada ano de vida planejada por Shima, onde as vésperas do seu 40º aniversário, o artista, professor e pesquisador em artes visuais decide decretar sua morte, após descobrir que a família de seu avô paterno trocou o sobrenome da família.
Na performance Nomes, que acontece dia 15 de setembro, sábado, o público é recebido pelos artistas Eduardo Colombo, Tiago Viudes e Vitoru Kinjo para um ritual de família. Entre a bebida e a comida, conversas e confissões, são ofertados cantos, danças e histórias de um amor autobiográfico. A ação é, a um só tempo, pesquisa continuada e obra performativa que fricciona as fronteiras entre vida e arte, intimidade e alteridade, presença cênica e presença cotidiana, e faz do público cúmplice e parceiro de uma relação de amor a três.
Work in process de uma dança documental que busca no fluxo uma estratégia de ser, Oba nu Mun (em uchinaguchi, língua tradicional de Okinawa, significa “Coisas da Avó”), de Lúcia Kakazu, dá continuidade a ocupação RE/DES e acontece no domingo, dia 16 de setembro. A apresentação parte de objetos, registros diversos e relatos de memórias de uma avó, natural de um Japão Pós-Guerra, para encontrar uma dramaturgia do corpo que evidencie o embate de culturas presente na relação com sua neta em uma dança de travessias e espirais, de busca e encontro, de gestos efêmeros que nascem e desvanecem no abismo entre duas línguas e se inflamam na presença do que é finito.
O último fim de semana da ocupação RE/DES começa dia 22 de setembro, sábado, com a projeção do filme Lembro mais dos Corvos, de Gustavo Vinagre. No longa, durante uma crise de insônia, a atriz Julia Katharine, uma mulher transexual, conta a história de sua vida através de um monólogo. A intimidade da personagem central é exposta através de relatos reais de resistência e autoaceitação. Após a projeção a roteirista e atriz Julia Katharine (premiada na 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes) bate-papo com o público presente.
Vitoru Kinjo com sua performance Diaspórico Regional sobe ao palco do Centro da Terra no dia 23 de setembro, domingo. Performance de registro musical, fruto de um processo de pesquisa, reflexão e criação de mais de 15 anos, em que o artista e sociólogo pesquisou temas como cidade, economia-ecologia, cultura-sociedade, identidade, gênero, diáspora, etnicidade, sexualidade, corpo, performance, política, canto e ação social. Ele parte da imaginação sobre as raízes, sempre transculturais, mas ligadas ao presente e ao passado do mundo e da terra, para uma música que seja ao mesmo tempo antropofagicamente ancestral e contemporânea.