LITERATURA
SINAPSES POÉTICAS: Augusto dos Anjos por Lirinha
24.04.19: quarta às 20hSinapses poéticas ocorrem quando os choques entre as células nervosas que animam a víscera primordial, conhecida como "cérebro", geram um ápice de conexões, provocando o surgimento não de um curto, mas de um longo circuito de percepção épica desse mosaico sensorial apelidado de Mundo.
Dylan Thomas, e.e. cummings, Pablo Neruda, Florbela Espanca, Silvia Plath, Lou Reed, Werner Herzog, Augusto dos Anjos, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Adalgisa Nery, Jorge Amado, Cassiano Ricardo, Marguerite Duras, Pier Paolo Pasolini, Jean Genet, W. H. Auden, Robert Frost, Jeremy Narby, entre outros, formam um amálgama de escritores, dramaturgos, músicos, cineastas e antropólogos de estilos e linguagens heterogêneas. Todos eles desbravadores da alma humana e dos mistérios da vida. Todos eles possuem o calhamaço de chaves que abrem as portas enferrujadas das nossas inquietações ancestrais, todos eles nos ajudaram a destravar sentimentos adormecidos lá no quarto escuro da nossa inconsciência, jogando luz através da literatura, da poesia, do verbo e do pensamento. Todos eles convergem para a palavra ou concernem da palavra. Cada um através de suas ferramentas investigativas criaram suas sinapses poéticas.
O projeto "Sinapses Poéticas" torna o "verbo" como o seu cerne. Prosa, poemas, diários, o epistolar, ensaios, crônicas, letras de músicas, voice-over cinematográfico, a "palavra" como protagonista, como fio condutor para se chegar num desprendimento emocional e espiritual. O espetáculo-ensaio está estruturado na conexão da oralidade (declamação de poemas, recortes literários e sínteses biográficas) com breves reflexões e entrevistas com convidados, tendo em alguns momentos a intersecção de LP's de poesia declamada tocado ao vivo e fragmentos de vídeos dos autores homenageados recitando seus próprios textos. O convidado da noite refletirá sobre os aspectos estéticos, filosóficos e socioculturais desse autor, trazendo um novo contexto em torno de parte de sua obra poética. Além disso, recitará os poemas e fragmentos literários preferidos.
AUGUSTO DOS ANJOS
A poesia de Augusto dos Anjos nos impressiona até hoje pela independência extrema que ele tinha em cruzar metáforas místicas, ciência e a psicanálise. Se autodeclarava como um "cantor da poesia de tudo que é morto".
Considerado o mais importante poeta do pré-modernismo, Augusto na verdade era um poeta em transição, estruturando sua estética no pessimismo, desânimo e em incertezas diante de um novo século que acabava de surgir.
Sua biblioteca de palavras estranhas e pouco usadas partindo muitas vezes das ciência biológica trazia poderosos versos cheio de ritmo e musicalidade. Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Manoel Bandeira e Ferreira Gullar consideravam ele o maior poeta brasileiro do século XX. O pernambucano Lirinha acentuará algumas singularidades em comum entre a sua obra e do Augusto dos Anjos, como a atmosfera onírica, a crença no panteísmo e a ciência.
LIRINHA
Escritor, poeta, compositor e performer nascido no sertão pernambucano. Um dos fundadores do grupo Cordel do Fogo Encantado. Ganhou projeção na Europa depois de uma turnê em meados dos anos 2000. Colaborou na trilha sonora de "Deus é Brasileiro (Cacá Diegues), "Lisbela e o Prisioneiro"(Guel Arraes) e "Árido Movie" (Lírio Ferreira).
Em seus trabalho individuais participou como ator na peça "Mercadorias e Futuro" (Leandra Leal, 2007) que se desdobrou pro seu primeiro livro do mesmo nome; "Metalinguagem e João Cabral de Melo Neto" (2005) e compôs temas para a montagem do Teatro Oficina em "Os Sertões" (Zé Celso, 2005/2006).
FICHA TÉCNICA
Direção, Roteiro e Concepção Artística | Eduardo Beu
Performer e Mediação | Ian Uviedo