PERFORMANCE
valsa nº6
12 e 13.12.12A montagem marca um retorno de artistas contemporâneos à tradição teatral.
Dias 12 e 13 de dezembro, o Teatro do Centro da Terra recebe “Valsa nº6”, monólogo de Nelson Rodrigues. O Espetáculo, recebeu o Prêmio Funarte Nelson Brasil Rodrigues: 100 anos do Anjo Pornográfico. E através do financiamento da Petrobras, por meio do prêmio de Manutenção de Grupos e Companhias ao coletivo Couve-flor, apresentou-se em São Luís, Salvador e agora São Paulo.
Valsa n.6 é um encontro dos artistas curitibanos (couve-flor) Gustavo Bitencourt e Leonarda Glück, ambos atuantes em vários campos artísticos, como teatro, dança, performance art, música e artes visuais. Eles encontraram no texto consagrado de Nelson Rodrigues uma forma de reunir seus interesses comuns e de se aproximar novamente da tradição do teatro com um olhar renovado. Valsa n.6 é uma peça atípica na obra de Nelson Rodrigues e também na história da dramaturgia brasileira, não apenas por se tratar de um monólogo, mas também pela forma de incluir o público em sua narrativa, pela complexidade da personagem, que traz em si diversos outros, pelo ambiente sobrenatural em que é situada, pela revelação melódica e obscura da história.
A possibilidade de realizar esta montagem já vinha sendo cogitada por eles há mais de um ano, mas foi em março de 2012 que eles começaram a trabalhar. Ao se depararem com a estranheza do texto, reconheceram nele um meio para explorar diversas questões e referências que partilham, como a linguagem cinematográfica, especialmente a obra de diretores como Dario Argento e David Lynch, a tradição do burlesco e do vaudeville, a discussão do espaço e do contexto teatral, a sonoridade e a espacialização do som, o movimento como ponto de partida, e diversas questões relacionadas a gênero e sexualidade – sendo Leonarda uma das poucas artistas transexuais atuando de forma consistente no cenário nacional, e ambos diretamente ligados a movimentos LGBT.
No entanto, o interesse maior era dar à peça uma montagem “realmente bem feita, procurando entender realmente aquela estrutura, e tratando com delicadeza a poética do texto”, segundo afirma o diretor Gustavo Bitencourt. “Cada vez mais nos apaixonamos pelo texto e pela complexidade das discussões que ele pode gerar. Não temos vontade de destruir o que está ali. Já vi diversas montagens da Valsa, umas mais tradicionais, outras mais experimentais, e acho que a tarefa mais difícil, e a que mais nos interessa hoje, é a de realizar uma boa montagem, cuidadosa, deixando o texto falar o que tem que falar. Isso talvez possa ser entendido por quem assiste como uma abordagem mais tradicional, mas para nós é um processo absolutamente singular, e fundamentado em experimentação.”
Aos artistas, reunem-se também Amábilis de Jesus, nos figurinos e materiais de cena, Wagner Corrêa, na iluminação, Jo Mistinguett na ambientação sonora, e Edith de Camargo na trilha sonora original.
Ficha técnica:
Direção: Gustavo Bitencourt.
Performance: Leonarda Glück.
Trilha Sonora Original: Edith de Camargo.
Design de som: Jo Mistinguett.
Figurinos: Amábilis de Jesus.
Luz: Wagner Corrêa.
Produção: Wellington Guitti e Cândida Monte.
Produção local em São Paulo: Jaciara Rocha.
Patrocínio: Petrobras e Ministério da Cultura.
Produção: Expressão Criação e Produção.
Parceria: Couve-flor.
Apoio: Teatro do Centro da Terra.
Realização: Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.