KOMPANHIA
VIagem ao Centro da Terra RJ
2001Com a repercussão positiva da I Expedição Experimental Multimídia - Viagem ao Centro da Terra até no exterior, foi inevitável que uma versão especial aterrissasse no Rio de Janeiro. Na inexistência de um túnel concreto, como na temporada paulistana, a mis-en-scène transcorria em um gigantesco penetrável inflável de mil metros de comprimento, construído artesanalmente e com variados níveis pelo artista multimídia Otávio Donasci. A impressionante cenografia, que ocupou um armazém na praça Mauá, na zona portuária da cidade, demandou 2,6 quilômetros de plástico, cinco quilômetros de fios elétricos, 150 toneladas de areia e cinco mil litros de água. Um total de 25 atores e vinte técnicos precisou ser reunido.
Um ônibus de janelas fechadas, que partia do Museu de Arte Moderna, levava o público até o ponto inicial. Assim que desembarcavam, os viajantes, desconcertados, descobriam que o lugar era completamente estranho e destituído de referências tradicionais e familiares. Então engajados naturalmente no jogo lúdico, vivenciariam um processo de transformação pessoal, espinha dorsal de todas as Expedições Experimentais Multimídia da Kompanhia do Centro da Terra.
Mais madura, a adaptação carioca assinada pelos diretores Ricardo Karman e Otavio Donasci adicionou uma cena: no desfecho, como se fosse um ritual, os participantes se banhavam livremente nus em meio a uma nuvem de água aspergida no ar, ao som de Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner. A obra não passou despercebida pela crítica especializada local, que destacou a contraposição entre o moderno e o primitivo, e conquistou o Prêmio Shell Especial de Produção.